
Meio Ambiente e Sustentabilidade
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Um dos parques mais frequentados da capital, com 2 milhões de visitantes por ano, o Jardim da Luz receberá obras de restauro e requalificação realizadas pela Prefeitura de São Paulo, com melhorias de acessibilidade, novas entradas, renovação do parquinho e cuidados especiais com as áreas tombadas, preservando a história e aprimorando a experiência de quem vive a cidade.
"Este parque faz aniversário e ganha um grande presente: vamos investir R$ 20 milhões aqui e deixá-lo ainda melhor, com revitalização e restauro, tornando este espaço muito mais bonito", disse o prefeito Ricardo Nunes.
O secretário do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ashiuchi, lembrou que a área carrega uma grande riqueza histórica. “Este é o sexto parque mais visitado da cidade, um espaço que merecia esse carinho e esse respeito. É na gestão do prefeito Ricardo Nunes, celebrando os 200 anos do parque, que teremos um investimento à altura no parque mais antigo da cidade”, afirmou.
A programação neste domingo (16) conta com apresentações musicais, oficinas, exposição de carros antigos, cortejo performático, entre outras atividades. Uma réplica interativa do antigo bonde, símbolo do cotidiano paulistano no início do século XX, também faz parte da festa. Clique aqui e saiba mais.
Inaugurado em 1825 como horto botânico, ainda quando a cidade mal chegava a 20 mil habitantes, o espaço foi o primeiro dedicado ao lazer público de São Paulo. Hoje, já consolidado como um dos principais cartões-postais do centro, recebe cerca de 2 milhões de visitantes por ano e segue entre os mais movimentados da capital: em 2025, é o sexto parque mais frequentado, com 1,5 milhão de visitas registradas até outubro.
A geografia do parque ajuda a explicar o encantamento persistente. São 76.885 metros quadrados — o equivalente a 11 campos de futebol — de alamedas antigas, sombras largas, espelhos d’água, esculturas preservadas e um raro silêncio urbano entre o trem, o museu e o fluxo intenso do Bom Retiro. Entre as árvores, destaca-se a imponente Agathis Robusta, mais velha que o próprio parque, com seus cerca de 40 metros de altura e mais de dois séculos de vida.
Uma paisagem que conta a história de São Paulo
Poucos lugares concentram tantos marcos do passado paulistano. O Jardim da Luz já foi horto científico, jardim público, laboratório de espécies exóticas, cenário da primeira exibição de luz elétrica da cidade, em 1883, e palco da visita do imperador Dom Pedro II, em 1846. Também abrigou o primeiro observatório meteorológico de São Paulo, a curiosa torre de 20 metros que os moradores apelidaram de “Canudo do Dr. João Teodoro”.
O século XX trouxe momentos de decadência — consequência da crise do café, de sucessivas reformas urbanas e da falta de manutenção — mas também de renascimento. A grande restauração iniciada em 1999 devolveu vitalidade a estruturas como a gruta, os coretos, o sistema hidráulico e os clássicos espelhos d’água. Nos anos 2000 e 2010, o parque voltou ao cotidiano dos paulistanos, impulsionado pela centralidade da Pinacoteca e por políticas de zeladoria e segurança.
Hoje, a Prefeitura mantém investimento contínuo no espaço. O valor anual destinado à manutenção, pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, passou de R$ 1,24 milhão em 2021 para R$ 1,58 milhão em 2025 — recursos fundamentais para poda, limpeza, recuperação de canteiros, conservação de equipamentos e vigilância. O parque também recebe exposições, apresentações culturais e ações do terceiro setor ao longo do ano.
Natureza rara em plena área central
A flora do Jardim da Luz reúne 192 espécies de árvores vasculares, entre elas o andá-açu, o pau-brasil, o pinheiro-do-paraná e o palmito-jussara, todas ameaçadas de extinção. Nas aleias, convivem palmeiras, gimnospermas, guatambus, alecrins-de-campinas e o tradicional roseiral, que há décadas colore o caminho em direção ao lago.
A fauna também surpreende. Em 2021, foram registradas 98 espécies, sendo 80 de aves: do martim-pescador-grande ao socó-dorminhoco, passando por carcarás, irerês, papagaios e diversos beija-flores. Por estar numa área densamente urbanizada, o parque funciona como uma verdadeira “ilha verde”, atraindo aves florestais que cruzam a metrópole em busca de descanso, como o tucano-de-bico-verde.
Nos lagos e espelhos d’água, carpas, tilápias, acarás e cágados-pescoço-de-cobra completam o ambiente que mistura natureza tropical, memória europeia e cotidiano paulistano.
Arquitetura, arte e permanências
Entre os símbolos do bicentenário estão a tradicional Casa de Chá, os coretos, a Casa do Administrador, a gruta e o conjunto de esculturas — mais de 30 peças, incluindo a Herma de Garibaldi, inaugurada em 1910 pelo escultor Emilio Gallori, marco da presença italiana na cidade.
O parque também compartilha limites com a Pinacoteca do Estado, um dos mais importantes museus de arte do país, e preserva o traçado que se adaptou, ao longo dos anos, à chegada da Estação da Luz e às instituições que transformaram o entorno cultural da região.