Galeria do Rock: um símbolo de resistência cultural e inovação urbana

Local de encontro de diferentes tribos, a Galeria do Rock é um ponto de referência cultural que atrai visitantes do Brasil e do mundo, celebrando a diversidade e a arte urbana.

Lazer e Cultura

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Situada entre a Rua 24 de Maio e o Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo, a Galeria do Rock, oficialmente conhecida como Centro Comercial Grandes Galerias, foi inaugurada em 1963. Inicialmente, abrigava uma variedade de comércios, como alfaiates, lojas de impressão em serigrafia - técnica de aplicação de tinta em diversos materiais, como camisetas e cartazes - e salões de beleza, refletindo um panorama comercial típico da época. Porém, menos de uma década depois, o local começou a se transformar, tornando-se um reduto da cultura rock e de outras subculturas urbanas, e ganhando o nome pelo qual é amplamente conhecido hoje.


Nascimento de um ícone do rock em meio a adversidades
A transição da Galeria do Rock para um ícone cultural começou nos anos 1970, quando as primeiras lojas especializadas em vinil e CDs de rock começaram a se instalar, gradualmente moldando a identidade do local. Antônio de Souza Neto, 70, mais conhecido como Toninho da Galeria, esteve presente desde os primeiros dias e testemunhou essa transformação. Formado em jornalismo e psicologia social, Toninho sempre foi apaixonado por fotografia e iniciou sua trajetória na Galeria oferecendo serviços de locação de equipamentos fotográficos e outras utilidades na área. "Naquela época não existia shopping center em São Paulo, então tudo acontecia no centro da cidade. Decidi abrir uma loja no ramo de fotografia, na Galeria, e deu certo", relembra. Sua empresa se expandiu para outras regiões do país, como Curitiba e Minas Gerais, crescendo significativamente no Brasil.


Com o tempo, a Galeria passou por períodos de instabilidade. Nos anos 1980, sua popularidade declinou, e ela sofreu com dificuldades econômicas. "Decidimos enfrentar a situação e resgatar o espaço, que é tão querido pelos lojistas e fiéis frequentadores", diz Toninho. Apesar dos desafios, ele decidiu permanecer, assumir a administração do local e liderar uma campanha de requalificação nos anos 1990, restaurando o edifício e promovendo o retorno das lojas de rock.


A revolução cultural da Galeria

Foi a partir de então que a Galeria do Rock se tornou um ponto de convergência para várias subculturas urbanas. A cultura hip hop, o skate, o piercing e as tatuagens, ainda vistos com desconfiança pela sociedade paulistana da época, encontraram ali um espaço seguro e inclusivo. "Fizemos uma revolução cultural. Transformamos algo que era marginalizado em um fator cultural na cidade", explica Toninho. A Galeria se tornou um refúgio para aqueles que buscavam um lugar para expressar suas identidades e paixões, ajudando a popularizar práticas e estilos antes malvistos.


Toninho da Galeria: um personagem de novela
Além de ser uma figura central na administração do espaço, em 2010 Toninho se tornou personagem na novela "Tempos Modernos", da Rede Globo, que retratou a história da Galeria do Rock. Interpretado pelo ator Leonardo Medeiros, a representação foi erguida em lugar de destaque na cidade cenográfica da trama das 19h, reproduzindo com realismo a atmosfera do local. A semelhança entre ficção e realidade impressiona, embora as dimensões da Galeria na novela sejam menores.

Antônio de Souza Neto, mais conhecido como Toninho da Galeria

"Algumas cenas foram filmadas na própria galeria. Aos domingos, tinham cerca de 300 pessoas gravando aqui. A novela ficou 8 meses em cartaz, transmitindo a imagem da Galeria do Rock. Foi muito especial", conta Toninho. Ele participou ativamente da construção do roteiro, garantindo a autenticidade da representação.


A recriação envolveu desde figurantes vestidos como punks e roqueiros até os mínimos detalhes na decoração das lojas. O cenário fictício incluía uma variedade de lojas que refletiam o espírito do espaço real, como estúdios de tatuagem, sebos de quadrinhos e lanchonetes. A novela ajudou a consolidar, em âmbito nacional, a imagem da Galeria do Rock como um marco cultural no centro de São Paulo.


Um legado global e um futuro vibrante

Ao longo dos anos, a Galeria do Rock foi atraindo figuras internacionais do rock, como Kurt Cobain, ex vocalista da banda Nirvana, e Bruce Dickinson, também vocalista do Iron Maiden. O espaço abriga uma diversidade de lojas, como estúdios de tatuagem, barbearias, lojas de skate, e de moda alternativa, entre outros. Em 2016, a inauguração de uma horta orgânica na cobertura do prédio também reforçou seu compromisso com a sustentabilidade e inovação cultural. Reconhecida pelo Guinness Book como o local com a maior concentração de estabelecimentos voltados ao rock 'n roll, a Galeria continua a influenciar gerações e enriquecer o cenário urbano, sendo um ponto de parada quase que obrigatório para quem visita o centro.


Uma nova atração: Bar Rooftop
Em 2024, o espaço inaugurou um bar no rooftop, local com agenda cultural variada, que oferece música ao vivo, exposições e diversas opções de bebidas. É ideal para quem deseja se reunir com amigos e família, desfrutar de uma tarde descontraída ou conhecer novas pessoas.


Aberto todos os sábados, das 11h às 17h, o rooftop é um convite para experimentar uma mistura de estilos e culturas, onde amantes do rock, do soul, do black, praticantes de skate, entusiastas da moda, tatuagens, grafites, turistas e visitantes se encontram. O local também é acessível para cadeirantes, garantindo que todos possam aproveitar a experiência.


A Galeria do Rock é uma das muitas histórias que #TodosPeloCentro contam. Junte-se a nós para explorar essa e outras narrativas. Envie suas sugestões para todospelocentro@prefeitura.sp.gov.br e acompanhe através das nossas redes sociais clicando aqui.

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