ACNUR apoia projeto de empregabilidade de pessoas refugiadas em São Paulo

Realizado pela International Finance Corporation (IFC), projeto "Refúgio na Cidade: Marcenaria e Acolhimento" possibilitou a formação de refugiados em marcenaria como parte de iniciativa que envolve a recuperação de edifícios no Centro de SP

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Pessoas refugiadas acompanham módulo do projeto Refúgio na Cidade, realizado em São Paulo | Foto: IFC/Divulgação

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) apoiou a implementação do projeto “Refúgio na Cidade: Marcenaria e Acolhimento”, realizado pela International Finance Corporation (IFC) ao longo de março, em São Paulo.

Financiado pelo Governo do Japão, o projeto “Refúgio na Cidade” contou com a participação de 17 pessoas refugiadas e migrantes da Angola, Colômbia, Cuba, Marrocos e Venezuelana ao longo de três semanas de formação em marcenaria. Como diferencial, para além da capacitação, o processo de aprendizagem faz parte de uma iniciativa que envolve a reforma de imóveis abandonados para locação no centro da cidade, facilitando a moradia em uma região de fácil deslocamento e acesso a serviços.

“O projeto ‘Refúgio na Cidade’ gera e aperfeiçoa os conhecimentos das pessoas refugiadas e possibilita que elas possam trabalhar e viver com dignidade no centro da cidade. Seus objetivos transpassam a capacitação tradicional, pois integra estes profissionais em modelos de produção sustentáveis e amplia o escopo de empregabilidade para pessoas refugiadas no mercado de trabalho formal”, afirma Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.

Da mesma forma, o escopo deste projeto envolve parcerias com o setor privado e estimula as empresas a repensarem seus modelos de negócio de forma inclusiva, apresentando uma solução para a integração de pessoas refugiadas nos seus locais de destino.

“Com esta iniciativa, a IFC cumpre seu papel no apoio a soluções de mercado que permitam a inclusão da população em situação de refúgio através da oferta de capacitação e moradia em regiões centrais. Além disso, o Refúgio na Cidade demonstra que a diversidade e inclusão são importantes impulsionadores de negócios sustentáveis,” afirma Carlos Leiria Pinto, gerente-geral da IFC no Brasil.

Além de possibilitar maior qualificação profissional às pessoas refugiadas com base no processo de aprendizagem, o projeto agrega um importante componente de moradia, uma vez que 3-5% das unidades residenciais do edifício retrofitado serão direcionadas para a moradia de pessoas refugiadas e migrantes.

Os saberes advindos da formação abrem outras possibilidades de renda. Cada pessoa que concluiu o projeto recebeu um kit básico de ferramentas e material de trabalho como forma de apoiar as atividades posteriores, sem a necessidade de infraestrutura e investimentos iniciais altos.

“Eu já trabalhei com muitas coisas, fui segurança, caixa de um banco e desde 2017 já vinha trabalhando com marcenaria na Colômbia, mas a forma como essa atividade é feita lá é diferente de como fazemos aqui”, comenta Javier Alfredo, um dos alunos do curso. “Eu aprendi muito no curso, aperfeiçoei o conhecimento que eu já tinha. Agora será mais fácil me recolocar no mercado de trabalho como marceneiro”, afirma.

Parte dos concluintes do curso foi contratada pela Citas, gestora do empreendimento, para confeccionarem os móveis dos apartamentos na região da praça da República, no centro de São Paulo. Além disso, as organizações envolvidas no projeto estão atuando para direcionar participantes para outras oportunidades de trabalho.

“Trazer um projeto social como esse para dentro de um empreendimento residencial tem tudo a ver com o público-alvo da Citas. As pessoas que buscam morar no centro dão muito valor a diversidade e inclusão” afirma Isadora Rebouças, CEO da Citas.

Diácono Márcio José Ribeiro, Diretor da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, reforçou o quanto o Refúgio na Cidade é projeto que demonstra a força das sinergias entre as organizações da sociedade civil e do setor privado atuando para o mesmo objetivo.

“Juntas, essas organizações têm mais força para capacitar, qualificar e colocar a mão de obra de refugiados e migrantes no mercado de trabalho. Os nossos irmãos e irmãs que buscam no Brasil a oportunidade de se reconstruírem necessitam de nossa união, acolhida e apoio para conseguirem essa oportunidade”, disse.

Desde 2018, o ACNUR e a IFC atuam de forma conjunta  para engajar o setor privado na busca de soluções sustentáveis para a integração de pessoas refugiadas na América Latina, fomentando novas oportunidades e incentivando a autossuficiência econômica das populações deslocadas de forma forçada.

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