
A trajetória e as enormes contribuições da alagoana Nise da Silveira (1905-1999) para o campo da psiquiatria são revisitadas no espetáculo Nise em Nós - Uma Ode ao Delírio, dirigido e escrito por Duda Rios, que, recentemente, foi indicado ao Prêmio Shell de Teatro, pela direção de “Azira’i”. O espetáculo da Dupla Companhia ganha uma curtíssima temporada de estreia no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo, em comemoração aos 120 anos da homenageada, de 7 a 23 de agosto.
Em uma espécie de gesto de escuta dos artistas, a peça propõe uma travessia entre o passado e o presente, entre a ciência e a arte, entre a lucidez e o delírio que nos cura. Em cena, estão Lucas Gonzaga, Rafaele Breves, Gabriela Carriel, Victor Mota e Hugo Muneratto. A direção musical é assinada por Dessa Ferreira.
Inspirada na trajetória da médica psiquiatra, uma mulher nordestina, revolucionária e profundamente humana, a peça propõe uma reflexão sensível sobre o afeto como metodologia e o cuidado como revolução. A montagem costura memórias pessoais do elenco com histórias reais dos clientes, artistas e pensadores que cruzaram o caminho de Nise, como Graciliano Ramos, Carl Gustav Jung, Martha Pires Ferreira e Dona Ivone Lara.
Tudo isso se encontra em cena por meio de uma linguagem híbrida que mistura teatro, poesia, música e folguedos brasileiros. A obra não apenas celebra os 120 anos de nascimento de Silveira como lança o olhar adiante — para o futuro da saúde mental, para o direito ao delírio e para a construção de um Brasil mais sensível, onde o amor não seja exceção, mas método.
Neste delírio, a Dupla Companhia resiste, se reinventa, mas sobretudo se reencanta com o mundo. "Nise em Nós" é memória, é política, é poesia. E está à espera do encontro com o público.
Nise em Nós por Duda Rios - direção e dramaturgia
“Falar da Nise da Silveira é muito mais do que falar de uma pessoa. Falar da Nise é ouvir. Ouvir o outro, o íntimo, o silêncio, a vida. Durante três meses eu ouvi o céu de Tatuí, o canto dos pássaros, e o desejo de canto de olho de Gabi, Hugo, Lucas, Rafa e Victor - minha amada mandala. Quando eu saí da minha querida Nordestina, tal qual a Nise, para tentar a sorte no Rio de Janeiro, jamais imaginei que as curvas do rio da vida me levariam à terra vermelha dos Tatus... Foram afetos profundos vividos com essa gente que encontrei na sala de ensaio e nos livros da Doutora.


