A exposição A Origem de Macunaíma nasceu do desejo de conhecer e fotografar um destino de difícil acesso e misterioso, uma montanha icônica no coração da Amazônia que vem inspirando histórias fantásticas e instigando exploradores há séculos: o Monte Roraima — ou Rorõ-imã, que nas línguas dos povos indígenas Pemon significa “o grande verde-azulado” —, uma muralha de pedra envolta em nuvens erguendo-se centenas de metros verticalmente ao redor das selvas e campos na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana.
A pesquisa para a expedição fotográfica revelou camadas de significado inesperadamente profundas. O Monte Roraima é um verdadeiro “Monte Olimpo” brasileiro, morada de deuses e sagrado para os povos indígenas que vivem em seu entorno. No topo da montanha vive Makunaimã, um demiurgo (ou “deus-herói”) complexo e ambivalente, nada menos que a entidade indígena que inspirou o “herói de nossa gente” criado por Mário de Andrade em seu clássico modernista Macunaíma.