Em Beethoven-Fest, Osesp recria na Sala São Paulo mítico concerto apresentado por Beethoven em Viena, em 1808

Ao longo de quatro apresentações, entre 14 e 16/dez, Orquestra, maestro Thierry Fischer e solistas reproduzem aquele que é considerado 'o maior concerto de todos os tempos'

Lazer e Cultura

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Última atualização:

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Coro da Osesp / Rodrigo Rosenthal

Em 22 de dezembro de 1808, no emblemático Theater an der Wien, em Viena, a música do compositor alemão Ludwig van Beethoven [1770-1827] foi ouvida ao longo de quase quatro horas seguidas. Na primeira parte deste concerto estrearam mundialmente a Sinfonia nº 6 – Pastoral e o Concerto nº 4, com o próprio Beethoven como solista, e foram interpretadas a ária Ah! Perfido, para soprano e orquestra, e o “Glória” de sua Missa em Dó Maior. Na segunda parte do evento, o público escutou pela primeira vez a Sinfonia nº 5 e a Fantasia Coral, para piano e solistas, além do “Sanctus”, também da Missa em Dó Maior, e um improviso pianístico.

Sob a regência de seu Diretor Musical e Regente Titular, Thierry Fischer, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – Osesp recria nesta semana, na Beethoven-Fest, esse marco da história da música: na quinta (14/dez) e na sexta-feira (15/dez), às 20h30, serão ouvidas as duas partes do programa original, uma em cada noite; já no sábado (16/dez), às 17h e às 20h30, duas formações orquestrais distintas vão reconstruir integralmente a lendária performance de 215 anos atrás, considerada por muitos “o maior concerto de todos os tempos”.

Osesp e Thierry Fischer / Laura Manfredini

Vale lembrar que os ingressos para todos os dias já estão esgotados, mas as duas apresentações de sábado (16), às 17h e às 20h30, serão transmitidas ao vivo pelo canal oficial da Osesp no YouTube.

O longo concerto daquela fria quinta-feira de 22 de dezembro ficou célebre por uma série de razões: a importância histórica das obras ali apresentadas (Beethoven anunciou todas elas como inéditas, embora algumas, como o Quarto Concerto para Piano, já tivessem sido ouvidas em reuniões privadas); a reação dividida dos ouvintes, muitos deles amigos de Beethoven (o compositor Johann Reichardt [1752-1814] chegou a dizer que o concerto teria demonstrado ser possível “sofrer pelo excesso de coisas boas, ainda mais se elas são tão poderosas”); as críticas publicadas na imprensa (o histórico jornal Allgemeine musikalische Zeitung chegou à conclusão de que “julgar todas essas peças após uma única audição, especialmente considerando a linguagem das obras de Beethoven, sendo a maioria delas tão grandes e longas, é absolutamente impossível”); e, finalmente, a controvérsia sobre o sentido de eventuais mensagens de cunho político (os ideais revolucionários se espalhavam pela Europa e as Guerras Napoleônicas [1803-15] estavam na ordem do dia) reconhecidas pelo público nas obras compostas para a ocasião.

Para o filósofo – também alemão – Theodor Adorno [1903-69], a relação de Beethoven com o seu tempo deveria ser interpretada, mais do que à luz de sua biografia ou dos relatos de seus contemporâneos, a partir dos conflitos e tensões presentes na configuração original de suas composições: a própria forma das obras seria capaz de revelar, para ouvidos atentos, o substrato histórico ali sedimentado. Dialogando a cada compasso com os problemas de sua época, Beethoven responderia musicalmente aos desafios históricos daquela época, já presentes no “trabalho de composição” necessário para a criação de suas obras, que seriam “revolucionárias” em um duplo sentido: artístico e político. Por isso, quando Adorno discute o “caráter revolucionário burguês” intrínseco à música de Beethoven, ele insiste: “Vamos refletir sobre Beethoven. Se ele já é o protótipo da burguesia revolucionária, é ao mesmo tempo o protótipo de uma música inteiramente autônoma do ponto de vista estético, uma música que escapou da tutela social, que não é mais servil.

O programa Beethoven-Fest tem o copatrocínio do Bradesco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Realização: Fundação Osesp, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Ministério da Cultura e Governo Federal – União e Reconstrução.


PROGRAMAS

TEMPORADA OSESP: BEETHOVEN-FEST
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CORO DA OSESP
CORO ACADÊMICO DA OSESP
THIERRY FISCHER
regente
LOUIS SCHWIZGEBEL
piano
CAMILA PROVENZALE
soprano
ANA LUCIA BENEDETTI
mezzo soprano
LUIZ GUIMARÃES
tenor
JOÃO VITOR LADEIRA
barítono
Ludwig van BEETHOVEN
Sinfonia nº 6 em Fá Maior, Op. 68 – Pastoral
Ah, Perfido!, Op. 65
Missa em Dó Maior, Op. 86: Gloria
Concerto nº 4 para Piano em Sol Maior, Op. 58

TEMPORADA OSESP: BEETHOVEN-FEST
ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO
CORO DA OSESP
CORO ACADÊMICO DA OSESP
THIERRY FISCHER
regente
LOUIS SCHWIZGEBEL
piano
CAMILA PROVENZALE
soprano
ERIKA MUNIZ
soprano
ANA LUCIA BENEDETTI
mezzo soprano
LUIZ GUIMARÃES
tenor
MIKAEL COUTINHO
tenor
JOÃO VITOR LADEIRA
barítono
PEDRO GADELHA
contrabaixo
SÉRGIO BURGANI
clarinete
ALEXANDRE SILVÉRIO
fagote
Ludwig van BEETHOVEN
Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op. 67
Missa em Dó Maior, Op. 86: Sanctus
Pour Elise, WoO 59
Fantasia Coral, Op. 80

SERVIÇO

14 de dezembro, quinta-feira, às 20h30
15 de dezembro, sexta-feira, às 20h30
16 de dezembro, sábado, às 17h00 e às 20h30 – Concerto Digital
Endereço: Sala São Paulo | Praça Júlio Prestes, 16
Taxa de ocupação limite: 1.484 lugares
Recomendação etária: 7 anos
Ingressos: Entre R$ 39,60 e R$ 258,00 (valores inteiros) – Esgotados
Bilheteria (INTI): neste link
(11) 3777-9721, de segunda a sexta, das 12h às 18h.
Cartões de crédito: Visa, Mastercard, American Express e Diners.
Estacionamento: R$ 28,00 (noturno e sábado à tarde) e R$ 16,00 (sábado e domingo de manhã) | 600 vagas; 20 para pessoas com deficiência; 33 para idosos.

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